Terça-feira e o Do It Yourself continua a todo vapor!
Há alguns meses, o Marco da Burning London Sounds me mostrou o som de uma banda de São Paulo, que tem como premissa fazer um hardcore sem frescuras, bem ao estilo anos 90, chamada Hunger United. Os caras lançaram seu primeiro EP em março deste ano, intitulado Defusing the Common Sense e tem agradado (E MUITO) a gregos e troianos nessa cena Underground conturbada. Ontem fiz uma entrevista com o Nando (vocal), que vem em seguida. Creio que a partir dela será possível conhecer um pouco mais sobre essa banda que tem tudo para se tornar uma das melhores do Brasil.
MUNC CREW - Quem são vocês?
Nando - Somos cinco caras que fazem Hardcore porque gostamos e porque acreditamos nele! (Fernando Melo – Vocal/ Lucas Martucci – Guitarra/ Rafael Iriya –Guitarra/ Marcelo Sganzerla – Baixo/ Cauê Menezes – Bateria)
MUNC CREW - Vocês tem quanto tempo de estrada?
Nando - Temos dois anos e meio como banda, tempo curtíssimo, mas já tivemos alterações importantes na formação da banda que nos fazdizer que a banda mudou bastante desde o começo. Pra você ter uma idéia, eu gravei uma das guitarras do disco e o Lucas a bateria. Hoje com o Cauê na bateria e o Marcelo no baixo a banda melhorou muito. Sem esquecer dos solos insanos do Rafael, é claro!
MUNC CREW - Tendo em vista o contexto Hardcore, que na maioria das vezes está ligado a política e temas do cotidiano, o que motiva vocês a fazer esse estilo musical?
Nando - Sabe aquela sensação que o metrô não é mais tão lotado ou que seu chefe não é mais tão babaca que a gente sente quando está com os fones de ouvido no horário de almoço? É isso que faz a gente tocar! Porque temos o metrô mais lotado do paíse os chefes mais babacas do mundo! Haha.
MUNC CREW - Quando vi o vídeo de vocês em entrevista no Blog do Neto , vocês falaram que o Hardcore Brasileiro ficou por um tempo morto (ou adormecido), mas que depois renasceu... Na opinião de vocês, quais foram as bandas que motivaram este renascimento e porque?
Nando - Na realidade esses dias eu ouvi uma frase do Tyello (Dance Of Days), dono do estúdio onde a gente ensaia, que eu achei maravilhosa ‘O Hardcore esteve sempre ai, você é que chegou agora!’. Ele falou isso pra um cara que insistia em dizer que o Hardcore morreu. Não sei se é de autoria dele, mas achei que resume perfeitamente. É fato que a movimentação caiu depois daquela fase, ficou mais pop há alguns anos atrás, mas acho que o intuito das bandas atuais mudou e isto esta atraindo as pessoas pra rua novamente. Até porque, se analisarmos a cena gringa existem bandas que estão há muitos anos consecutivos arrebentando nossos ouvidos e sobre as bandas novas, na real, creio ser mérito do corre delas pois é inegável o esforço de bandas como Plastic Fire, Bullet Bane, Pense e muitas outras! Todos nós investimos tempo, dinheiro e muita vontade, esperando que no futuro as pessoas cantem nossas músicas, porque é isto que nos motiva ainda mais e tenho certeza que eles concordarão comigo!
MUNC CREW - E como banda qual é o maior sonho de vocês?
Nando - Acho que respondi sem querer, na outra pergunta, mas o negócio é ver a galera cantar e se possível viver de música, porque não tem escritório que vença a estrada, sejam elas brasileiras ou não.
MUNC CREW - Como é a parceria entre vocês e a Burning London?
Nando - O Marco nos procurou há algum tempo atrás e sempre foi muito claro quanto a acreditar na gente e antes mesmo de lançarmos um material de qualidade apostou e deu todo suporte que podia. O cara tem sido parceiro em vários momentos e tenho certeza que ainda vai ser muito importante pra essa banda. Coisa de irmão mesmo!
MUNC CREW - E como tem sido pra vocês, como banda, sobreviver e viver no mundo underground, às vezes tão preconceituoso?
Nando - Até agora não tenho absolutamente nada do que reclamar. Temos sido muito bem tratados por todos, nos shows e nas casas. Inclusive a gente fica muito feliz quando a gente divide palco com os caras que a gente cresceu ouvindo e eles ouvem nosso som e curtem... É muita honra mesmo! É claro que calotes rolam, em roubadas nos jogam, mas isso tudo fica pequeno quando a gente toca e vê a galera se divertindo.
MUNC CREW - Porque letras em inglês?
Nando - As letras em inglês são simplesmente mais naturais no nosso processo de criação. É o único motivo pelo qual escolhemos assim. Não nos proibimos cantar em português e com certeza rolará... É só uma questão daquilo que a gente acha que funciona melhor e nos deixa mais satisfeitos. Isso também não diminui nossa preocupação com a mensagem que passaremos, focamos sempre em falar a realidade de uma forma que funcione em todas as línguas. E de quebra isso ainda abre muitas portas lá fora... Já recebemos convites pra tocar numa rádio canadense chamada PRC, o que nos deixou muito felizes, tendo em vista as dificuldades que todos nós temos e sabemos aqui no Brasil.
MUNC CREW - Qual foi o melhor show de vocês até agora? ( aquele em que todos sentiram que o mundo podia acabar, que já estava perfeito e não havia como melhorar)
Nando - Ahhh, o show no Hangar 110 com Dead Fish comemorando 20 anos de estrada e Chuva Negra lançando o clipe de AMOSP foi um desses... A galera pulou, cantou e agitou... Foi sem dúvida animal! A tour com MUTE e o show com A Wilhelm Scream foram algo pra guardar pra vida, mas a vibe desse show do dia 04/12 foi algo que definitivamente mostrou pra gente que é isso que queremos pras nossas vidas.
MUNC CREW - No processo de produção do CD todo mundo saiu dando ‘pitaco’, compondo e escrevendo ou tem aquela pessoa específica que escreve e tal?
Nando - A produção do CD foi conjunta sim, tanto na parte musical quanto nas letras... Mas foi, digamos, ‘orquestrada’ pelo Hóspede. Quando a gente fazia as músicas, rolava uma enxurrada de ideias e muitas vezes não as usávamos da maneira mais legal, então ele mostrava pra gente o que funcionava ou não. É claro que divergências sempre rolam e brigas também, mas como todo processo criativo, isso vem pra somar. Antes todos brigando por querer o máximo de qualidade do que porque alguém não apareceu no ensaio, nem deu sinal de vida ou coisas desse tipo. TODA banda já passou por isso! Nunca nos colocamos regras ou limites pra nada, tanto que quando fazemos as músicas nos juntamos aqui em casa e compomos tudo juntos, fazemos as pré digitais e só depois vamos pro estúdio. Acho importantíssimo que todos façam parte de todas as etapas, porque é isso que dá a identidade da banda e também, muitas vezes, porque ficamos estagnados numa ideia que nem sempre é a melhor e não conseguimos ver.
MUNC CREW - Suas MAIORES influências:
Nando - Nós misturamos muito as linhas antigas e novas dentro do Punk Rock e Hardcore...Podemos citar algumas que diretamente influenciam o som que a gente faz: A Wilhelm Scream, No Trigger, Belvedere, No Fun At All, Rise Against, Bad Religion, NOFX, SatanicSurfers, Garage Fuzz, Dead Fish, Strike Anywhere, Pennywise, Descendents, Propagandhi, Strung Out, Comeback Kid, Ignite, Offspring e muitas outras... Mas também existem algumas talvez inesperadas, que indiretamente fazem alguma diferença sim, muitas vezes individualmente: Metallica, Red Hot Chilli Peppers, Foo Fighters e alguma outras que os caras curtem bastante, mas estou esquecendo, como o Lucas e o metal pesado from hell! Haha.
Escolhi ser extenso nessa resposta porque todas essas bandas merecem muito estar nesta lista porque nos fizeram quem somos musicalmente.
MUNC CREW – Quais os planos para o futuro?
Nando - Nosso maior plano pro ano que vem é lançar um full lenght com essa formação, pois queremos saber de fato como serão os sons com o Cauê na parada. Depois disso pretendemos trabalhar mais com vídeos e vamos tentar tocar em todos os lugares possíveis, pois é disso que a cena é feita e assim a coisa toda acontece!
MUNC CREW - Por fim, deixem seu recado pra galera:
Nando - Um recado? Clichê, mas é a mais pura verdade. APOIE AS BANDAS, APOIE OS SELOS E APOIE AS MÍDIAS... Faça acontecer, não fique esperando. Existe algo de muito errado em comprar uma camiseta de marca e não ter a camiseta da sua banda preferida, em pagar 500 mangos pra ver um monte de bandas que você talvez nem goste, mas vai porque é hype e não pagar 5 ou 10 mangos pra ver quem realmente tá do seu lado e faz uma correria danada pra que você se divirta. Shows foram feitos pra tomar umas com seus amigos, dar risada e esquecer a vida normal de pagar contas todo dia e não pra que você venere alguém, seja você Straight Edge, prefira a melodia da California ou o peso do NYHC. Vá falar com as bandas, troque experiências, músicas, etc. É assim que os caras que a gente tanto gosta do passado faziam e a gente esqueceu, por algum motivo que eu não sei dizer qual. Talvez seja culpa da ansia excessiva por sucesso e reconhecimento, talvez seja a grana. Não faz sentido falar de união e ficar em casa e preferir o MP3! Tem alguma música que fala isso, não tem? Hahaha
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Então é isso galera, espero que tenham gostado da entrevista! Abaixo seguem os links para download para curtir o som dos caras e também links das redes sociais: