Nessa semana, a nossa seção DO IT YOURSELF foi especial sobre o FISTT e hoje publicamos a entrevista que fizemos com o vocalista Fabiano Nick. Conversamos sobre a banda, shows, mercado fonográfico e otras cositas más! Confira!
MUNC CREW: Nick, o Fistt é uma das bandas que eu conheço que mais teve troca de integrantes durante a carreira (Hahaha). Quais impactos essas mudanças podem gerar? O que muda durante o processo de adaptação às novas formações?
F. Nick: Na verdade nosso maior problema foi sempre nas guitarras, na solo por exemplo, o Mirtão ficou do começo da banda até 2003, saiu e voltou em 2006 e ficou até 2012, aí entrou o Ricardo. A primeira vez que tivemos uma segunda guitarra foi em 99, entrou o Fabrizio, depois o Bauer, aí mudou bastante, foi o Crildo, Karacol e hoje o Dulino. Na bateria o Birão está há 12 anos na banda, teve algumas ocasiões em que ele ficou fora por uns meses, mas já voltou em seguida, então nem considero muito isso. Acho normal essa troca de integrantes, é complicado você manter um time único por quase 2 décadas e todo mundo dando prioridade só pra isso, acho que todo mundo sabe, mas é praticamente impossível viver de banda de rock no Brasil. Uns casaram, tiveram filhos e acaba ficando quem consegue conciliar, acho normal e na questão do som todo mundo que toca na banda faz o que a banda pede, então a gente não tem umas viagens do tipo “vamos fazer algo como banda x ou y”, nós fazemos algo como tem que ser pro FISTT, como sempre foi e acho que isso que mantém a banda viva e mesmo esses integrantes que ficaram por pouquíssimo tempo, tem um lugar importante em tudo isso.
Você está a 18 anos à frente do Fistt, um tempo bastante considerável para uma banda independente. Qual é o maior motivador pra se manter na estrada?
F. Nick: Eu curto pra caramba o que eu faço, coloco praticamente toda minha energia nisso e da última vez que não consegui fazer isso parei por alguns meses, vi que não conseguia ficar sem isso e voltamos tocar. Eu sei que não toco na banda mais famosa do mundo nem nada, mas um amigo meu me disse esses dias algo muito legal: "o FISTT não tem fãs, o FISTT tem amigos". Quem vai a um show nosso sente isso, é uma liga muito forte que faz você se sentir parte daquilo e acho que isso é a coisa mais importante pra banda. Nós não estamos na mídia, não aparecemos na tv e nem na Capricho, estamos tocando em lugares pequenos por todo Brasil e temos o respeito total dessa galera, bandas, é algo que não tem preço e poucos conseguem fazer isso e estamos aí há 18 anos pra provar que eu não tô mentindo.
Sempre que eu penso na banda, me vem a mente a singela homenagem que o Jamanta fez pra você num show em Belo Horizonte. Que outro tipo de loucura/tosqueira de fã já rolou nos shows ao longo desses 18 anos?
F. Nick: O Jamanta é doido haha, quando vi aquilo eu rachei de dar risada, foi realmente muito engraçado e eu sempre conto essa história dele por aí. Sempre rolam umas coisas engraçadas, acho que hoje em dia o pessoal tá mais na manha disso mas na época do “Finais iguais” a coisa era mais paulera. Lembro de uma ocasião em Recife em que eu tive que ficar falando “poRRRta” umas 50x pois o pessoal do nordeste achava nosso sotaque a coisa mais engraçada do mundo, coisas assim são legais hehe.
O EP "Hasta La Vista, Junior!" foi lançado recentemente e recebeu muitas críticas positivas do público. Como vem sendo a recepção das músicas novas nos shows?
F. Nick: Tem sido muito legal, começamos a tour agora, mas desde o primeiro show em Sorocaba o pessoal já estava cantando “Tudo bem?” e “Entre o dia e a noite” que foram os carros chefe do EP. Vamos fazer um clipe nos próximos dias e deve ajudar mais ainda na divulgação, mas o resultado está muito satisfatório. É um EP, mais fácil de trabalhar, talvez se tivéssemos feito um full seria diferente mas a experiência foi bem legal, acho que é o melhor caminho nessa época de mp3 a toda, redes sociais e afins.
Constantemente o Fistt é convidado para tocar com grandes bandas internacionais, como foi com o Bad Religion, Marky Ramone, Shelter, US Bombs, dentre outros. Qual a sensação de tocar com ídolos da música e até seus próprios ídolos?
F. Nick: Bad Religion é uma sensação indescritível, você ali no palco com os caras, o Brooks assistindo o show nosso inteiro, cara, não tem preço isso. Eu tenho um carinho especial pelo Bambix também, participamos da primeira e segunda tour deles no Brasil e viramos amigos, quando rola isso é muito maneiro.
Uma vez li em uma de suas entrevistas que o ZonaPunk tinha um projeto para lançar o "Finais Iguais, Histórias Diferentes" em LP. Ainda existe essa possibilidade? Como você vê esse 'renascimento' do vinil no mercado fonográfico?
F. Nick: O Wlad me falou isso e não falei mais com ele sobre, mas acredito que aconteça a qualquer momento, se ele não fizer eu devo fazer pela Oba! Records também, seria fodão ver esse álbum em vinil. Cara, eu não trabalho com vinil na Oba! no momento, mas vejo o pessoal da Laja fazendo isso e pelo visto o resultado é muito legal, vou me enfiar nessa a qualquer momento e aí posso dar uma posição melhor.
Vocês já tiveram a oportunidade de trabalhar em parceria com um selo filiado a uma grande gravadora. Como foi esse período? Quais as vantagens e desvantagens de trabalhar nesse esquema em comparação às pequenas gravadoras independentes?
F. Nick: Foi o pior período da banda em 18 anos. Todo mundo achou que a coisa iria funcionar de uma forma legal, não aconteceu nada disso. Tiveram algumas coisas bacanas como distribuição digital, isso realmente aconteceu, mas pra uma banda do nosso porte (pequena pra mainstream) não gera resultado algum. Pra ser sincero a banda praticamente estava acabando nessa fase pois qualquer expectativa nossa não chegava a lugar algum e qualquer coisa que eu fizesse pela Oba! Records geraria mais resultado e todo mundo viu pelo “Hasta La Vista, Junior!” o barulho que rolou. Tínhamos um disco bem produzido, pago do nosso bolso, gravado no estúdio mais top do Brasil, com o produtor mais legal e o selo só precisava fazer aquilo andar, divulgar. Um dia eu falo tudo o que eu achei disso, abertamente.
A Oba! Records também sentiu os impactos da tão falada crise do mercado fonográfico? Quais foram as adaptações a essa nova realidade e no que a internet pode ajudar as bandas locais? Como é a relação da Oba! com essas bandas?
F. Nick: Claro! Algumas bandas da gente estavam vendendo 2-3 mil discos e num prazo de 6 meses não vendia nem pra pagar a prensagem, foi uma paulada, pois a gente investia muito na divulgação e produção. A princípio muitas bandas pensaram “nossa, agora a gente pode fazer tudo, fazer disco, vender” – engano. Você ter um selo junto é pra ter um parceiro, preocupação da banda é fazer show, tocar direito, selo tem que distribuir, fazer jornal, revista e as bandas com o tempo começaram a ver que é complicado fazer esse trampo todo. A Oba! se concentrou mais na Oba! Shop nos últimos 5-6 anos, voltamos a fazer algo nesse EP do FISTT, mas tenho vontade de fazer algo maior em breve, venho adiando isso há tempos.
Existe algum projeto para lançar a 2ª edição da coletânea "30 segundos é muito"?
F. Nick: Tenho vontade, iniciativa pra abraçar já não sei. Dá trabalho demais, é complicado você trabalhar com 138 bandas, se levar uma média de 4 integrantes cada, dá uns 552 egos diferentes, não sei se tenho saco pra isso de novo.
E os projetos paralelos? O SNIF! ainda existe? Sabemos que o Ricardo é do Sally's Home e o Dulino tem o Perturbadores de Silêncio. É fácil conciliar os projetos e os trabalhos de todo mundo?
F. Nick: SNIF! é sempre projeto de férias da gente, esse ano não tocamos, mas podemos fazer algo a qualquer momento. Dos caras é de boa, o FISTT está em tour então você sabe as datas bem antes, não é todo final de semana que tocamos também então sobra tempo pra outras bandas, pra família, pra namorada, pro gato e pro cachorro, é bem de boa.
Como está a 'cena' underground por aí? Quais bandas tem se destacado em Jundiaí e adjacências?
F. Nick: Tá morna. Tem o Sallys Home do Ricardo que sempre tão na correria e o Perturbadores de Silêncio do Dulino que pra mim é a banda mais legal que surgiu nos últimos anos por aqui. A galera do Betterman tá começando o seu caminho e tem feitos coisas positivas e o Machinage que tem o Bauer que já foi nosso guitarrista vem despontando no cenário nacional e gringo do metal. Tem bandas legais, mas precisam surgir mais.
Nick, obrigado pelo tempo dispensado ao MUNC CREW. Como é de praxe, fica o espaço pra você deixar as últimas palavras, beijos, abraços e convocar o povo pro show de domingo em Belo Horizonte! Valeu!
F. Nick: Até domingo mineirada e eu vou tá lá pra encher o saco das Raposas gritando “GALOOOOOOO” no show. Em MG eu sou Atlético, desculpem haha.
Lembrando mais uma vez, o FISTT toca em Belo Horizonte no domingo e vai até rolar cover de No Use For A Name em homenagem ao vocalista Tony Sly. Confira as informações logo abaixo!
Serviço:
FISTT (Jundiaí - SP) - Hasta La Vista, Junior!
Dia 5 de agosto - Domingo - 14h
Shows de abertura com ARC-OVER, ATITUDE CONTRA (SP), MONTESE, CORDOBA, ALL-REVERSO e RETOMA.
Matriz Casa Cultural - Rua Guajajaras, 1353 - Centro - 3212-6122
Ingressos: $12 (antecipados) e $16 (na porta)