domingo, 19 de maio de 2013

Queens of the Stone Age - ...Like Clockwork

Um dos discos mais esperados do rock alternativo nos últimos anos vazou na interweb. Os americanos do Queens of the Stone Age, que não lançavam um novo trabalho desde 2007, escalaram um timaço de convidados especiais, se trancaram no estúdio e finalmente 'nos apresentaram' o sucessor de "Era Vulgaris".


A espera pelo novo trabalho da banda foi longa, 6 anos, e isso causou uma enorme expectativa aos seguidores do Queens of the Stone Age. O barulho aumentou quando as participações especiais foram anunciadas e um disco épico começou a ser desenhado na imaginação dos fãs. Os convidados são Sir Elton John, Trent Reznor (Nine Inch Nails), Alex Turner (Arctic Monkeys), Jake Shears (Scissors Sisters), Broddy Dale (Distillers), James Lavelle, além de Dave Grohl (Foo Fighters), Nick Oliveri, Mark Lanegan e Alain Johannes, integrantes que fizeram parte de um dos melhores álbuns e também o mais conhecido da banda, "Songs for the Deaf".


Produzido pela própria banda e intitulado como "...Like Clockwork", o disco traz 10 faixas bem diferentes e que pouco lembram o que o QotSA já havia feito anteriormente. Abrindo os trabalhos de forma soturna e arrastada, 'Keep Your Eyes Peeled' vem com uma boa base de baixo e bateria feita por Michael Schuman e Joey Castillo, que mesmo tendo saído da banda no fim do ano passado, deixou sua marca em três músicas. "I Sat by the Ocean" é um rock com os riffs característicos do grupo e poderia se encaixar facilmente em outros álbuns como "Rated R" ou "Era Vulgaris" ou até mesmo em algum registro do Eagles of Death Metal, projeto paralelo de Homme com o loucão Jesse Hughes. O clima volta a ser sombrio com "The Vampire of Time and Memory", uma balada em que o piano se destaca e te convida a curtir a viagem de olhos fechados, sem se preoucpar com mais nada. É também a primeira das seis músicas em que Dave Grohl assume as baquetas. Aliás, em todo o disco a bateria aparece tímida, sem a mesma 'violência' e voracidade dos tempos de "Songs for the Deaf".



Depois de sonhar acordado, o momento dançante de "...Like Clockwork" é garantido com "If I Had a Tail", que ainda tem as vozes de Turner, Oliveri e Dalle no finalzinho. Primeiro single do disco, "My God Is the Sun" teve sua estreia mundial em terras brasileiras, durante o festival Lollapalooza em março e foi muito bem recebido pelo público presente. Pode ser apenas uma maluquice da minha mente doente, mas essa faixa lembra os tradicionais ritmos indígenas, talvez pelas suas maracas/chocalhos e pelo andamento em certa parte da música, além do nome ser bastante sugestivo. Outro ponto a se destacar na canção de número 5 é o trio de guitarras que confere o peso necessário para o bate cabeça. Dando sequência, "Kalopsia" é definitivamente a mais viajada do álbum, começa calma e lenta, cresce no refrão e fica tensa e pesada. Seria a música perfeita para que Mark Lanegan soltasse sua voz grave e rouca, mas não aconteceu. Em compensação, a faixa ganha a presença de Trent Reznor, frontman do Nine Inch Nails. A variada "Fairweather Friends" é o registro que mais teve participações, nada menos que 4 convidados: Reznor e Oliveri repetem a dose, Lanegan e Elton John complementam a gravação.



"Smooth Sailing" tem cara de single com uma pontinha no pop e traz a voz aguda de Jake Shears, líder do Scissor Sisters, ajudando a caracterizá-la como tal. Uma das melhores músicas do disco ficou para os finalmentes... "I Appear Missing" é daquelas de embrulhar o estômago e deixar o cérebro confuso, seja pela música em si, pela letra ou pelo clipe. Baixando as portas do buteco, a faixa que dá nome ao disco se inicia com voz e piano, fazendo com que o disco se encaminhe para o seu fim de forma tranquila, mas o clima sombrio persiste com o aviso de Josh Homme: "Uma coisa é clara: é tudo ladeira abaixo a partir daqui."



O balanço final é um trabalho onde o QotSA dá uma notória desacelerada em seu som, porém, a banda mantém o seu altíssimo nível. As participações ocorreram de forma muito comedida, às vezes até imperceptíveis. A respeito dos clipes, vale a pena conferir os vídeos que o QotSA vem soltando no decorrer dos dias, são animações bizarras que casam bem com a profundidade das canções. Como dito no começo deste texto, a esperança era por um disco épico. Pois bem, não aconteceu, mas está a léguas de distância de qualquer desapontamento.


Download - Queens of the Stone Age - ...Like Clockwork (2013)
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